O Syriza ganhou as eleições na Grécia e agora qual vai ser a política do novo governo, se é que vai haver um novo governo? vai exigir renegociações com o FMI e BCE sobre os juros e os prazos dos empréstimos passados e futuros sem exigências da austeridade ser tutelada do exterior? Será que o FMI e BCE vão tentar uma posição de força e arriscar a ficarem com milhares de milhões de euros de dívidas por cobrar à espera que a Grécia lhes caia aos pés de joelhos a pedir perdão pela ousadia? será que a vão impedir de usar o Euro como moeda corrente até que a Grécia muito bem entenda. Cada país usa a moeda que quiser, só precisa de a ter em quantidade suficiente para poder circular, o euro não é nem nunca foi na realidade uma moeda grega, nem portuguesa, nem de outros países europeus, pois não reflete a realidade económica destes países, de contrário o euro ter-se-ia desvalorizado há muito tempo e teria sido o mais conveniente e correto. Mas agora isso deverá acontecer por certo de uma ou outra forma.
Portugal e Grécia usam apenas o euro como moeda corrente, como poderiam usar outra qualquer moeda. A moeda é de quem define a sua gestão e paridade e isso compete ao BCE e indiretamente à Alemanha. A Grécia (ou qualquer outro país) até pode usar o rublo (da Rússia) ou o yan (da China) ou uma outra moeda que entender, incluindo uma moeda exclusivamente sua, que decida cunhar e gerir. Por isso, dizer-se que a Grécia pode ser expulsa do euro é pura fantasia. Poderá ser expulsa do BCE, mas também não tem estado lá a fazer nada, tal como Portugal e muitos outros países, uma vez que não influenciam a política monetário do banco emissor.
Quem sabe se a Grécia não seria até muito bem recebida e financiada por uma das novas potências imergentes se aceitar a sua moeda em circulação?
Tem-se gerado um grande descontentamento transversal em toda a sociedade portuguesa (da esquerda à extrema direita) desde a apresentação das novas medidas de austeridade para 2013, em que a alteração na "Taxa Social Única" (TSU), faz incidir mais 7% sobre os salários dos trabalhadores, sendo simultâneamente reduzido em 5,5% para as entidades patronais (o Estado fica com 1,5% deste aumento), como redução de custos do trabalho em Portugal para aumentar a competitividade (?) Nem os próprios reformados e pensionistas escapam a esta sobrecarga, mas neste caso será apenas para baixar o valor real das pensões a pagar pelo Estado.
Depois da enorme manifestação apartidária de 15 de setembro passado, a maior desde 1974, que demonstrou o descontentamento dos portugueses face a esta e outras medidas anunciadas por Pedro Passos Coelho na semana passada.
Já antes diversas figuras públicas, e algumas até ligadas aos partidos do governo, tinham manifestado o seu desacordo com o pacote; o mal estar começou já a fazer-se sentir dentro da própria coligação, fazendo com que deputados e o próprio lider do outro partido da coligação, Paulo Portas, se tivessem já demarcado da medida.
Representadores de confederações patronais rejeitaram também a proposta que dizem ser mais prejucial do que benéfica, pois sentem que o benefício será uma prenda envenenada que irá ter o efeito contrário ao anunciado: pois reduzir ainda mais o poder de compra dos trabalhadores apenas fará reduzir a atividade económica interna, e, em consequência, levar ainda mais empresas à falência e portugueses ao desemprego. Usando uma linguagem médica: não se podem dar dozes maciças de químio ou de rádioterapiapotera porque isso não irá curar o doente mas matá-lo...
O nosso Primeiro Ministro parece ter-se retirado para refletir, pois não aparece desde a manifestação, porém, estamos à espera de saber o que irá acontecer agora: Continuará o Primeiro Ministro insistir nas medidas anunciadas? Será que o PM irá fazer alguma correção, em especial na mais polémica, a insensata transferência de encargos do TSU para os trabalhadores? Será que o Governo vai deixar de comprar automóveis topo de gama para os seus Gabinetes? Será que vai corrigir efetivamente os excessos cometidos pelos anteriores governos relativamente à desregulação bancária, parcerias público-privadas? será que vai acabar com a maioria das fundações de "interesse público" cujo objetivo o governo bem sabe que é apenas um expediente para não pagar impostos? Será que o PM vai acatar finalmente o acódão do TC e eliminar a discriminação detetada com o confisco de subsídios na FP, reformas e Pensões? Será que vai desistir de tentar "tapar o Sol com a peneira", dizendo que a discriminação foi sanada com demonstrações matemáticas que atentam contra a inteligência dos portugueses e dos próprios Juízes do TC? Será que vai deixar de nomear novos funcionários públicos (especiais) em que no decreto de nomeação se diz explícitamente "com direito ao 13º e 14º meses de vencimento"? Será que não vai encontrar um novo meio de dar mais dinheiro aos membros do governo, seja a título de "subsídio de representação" ou de outra qualquer treta? Será que vai congelar excecional e temporáriamente os preços dos bens essênciais para minorar os sacrifícios dos portugueses, como os da água, luz, gás e dos outros combustíveis? Será que nas nacionalizações anunciadas, as Empresas vão ser alienadas pelo seu real valor? Será que as dívidas dessas empresas ficam a cargo do Estado português para que todos nós paguemos, tal como o BPN? Será que o governo vai por os Tribunais funcionar rapidamente em tempo útil? Um país onde a Justiça não funciona não promove o investimento, exceto o que esteja excecionalmente protegido.
Passos Coelho terá dito que "não aprovou o pacote de austeridade porque iria impor sacrifícios inaceitáveis aos membros mais vulneráveis da sociedade". Então que diga a quem vai impor sacrifícios para que os portugueses saibam. É que alguém vai ter que pagar a conta.
Para o PCP e BE a maior fatia do sacrifício deveria ser paga pelas classes altas, que beneficiaram com a situação que levou à crise, criando imposto especiais sobre os lucros das grandes Empresas, as transações financeiras, as mais valias e as verdadeiras fortunas e bens de luxo, aumentando os que insidem sobre barcos de recreio e aviões particulares, mansões, etc... Também acabariam com o "offshore" da Madeira, passando as Empresas lá sediadas a pagar impostos; Para o PS a maior fatia já foi para a Função Pública (e continuará a sê-lo), para a "classe média", com rendimentos estabalecidos acima dos 1500euros/mês, não deixando de fora os mais pobres, com redução de subsídios de desemprego e outros, cortes na saúde, nas comparticipações de medicamentos, transportes em ambulância. Para o PS não são consideradas necessitadas as pessoas que possuem casa própria, que muitas vezes nem está completamente paga, e mesmo que esteja não a poderão vender porque vivem nela. Mais: há casas de 50mil euros e outras de 1milhão (ou mais). Essas sim, mesmo que sejam habitadas pelos seus proprietários podem ser vendidas e substituídas por outras mais modestas. O PS não faz qualquer destinção e se relativamente aos das mansões de milhões os cortes nas prestações sociais não os atingem, porque não necessitam delas, o mesmo não se passa relativamente aos outros, aos das casas de 50/100/150/200mil que até precisam delas para morar. Nos sacrifícios impostos pelo PS nota-se uma salvaguarda dos mais ricos, os principais visados pelo PCP e BE; Quanto ao PSD, creio não haver grande diferença do PS quanto aos escolhidos para pagarem a maior fatia da crise, mas quis deixar um "tabu": como diz querer poupar os mais vulneráveis da sociedade, deverá dizer agora quem escolhe para pagar a maior fatia da dívida?
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