Há quem diga que esta globalização era inevitável, mas o mundo não surgiu de repente após a queda do muro de Berlim, quando este desvario neoliberal começou, e ainda há países que defendem os seus interesses e a sua economia; onde a globalização chega mas de forma controlada. Tal não acontece na Europa ocidental que abraçou completamente o mercado global, livre e selvagem, fazendo-nos crer que a diferença tecnológica compensaria os baixos custos salariais no oriente. Porém, a rápida deslocalização de milhares de empresas ocidentais para a China e outros países do extremo oriente fizeram desenvolver económicamente esses países muito depressa e não irá demorar muito tempo até que atinjam (e ultrapassem) a alta capacidade tecnológica ocidental em áreas chave: como na indústria automóvel, aérea, naval, espacial e na construção de armamento de ponta e quando isso acontecer - mais depressa do que muitos julgam - a minha tese ficará comprovada. aliás, quem tem dinheiro pode continuar a pagar miseravelmente aos seus trabalhadores e principescamente aos génios estrangeiros que lhes interessa ter nas suas empresas e assim, também a inovação começará a vir do oriente. Entretanto as gigantes multinacionais já terão sido adquiridas pelo capital chinês e já não pertencerão aos EUA, nem à Alemanha, nem à França, nem à Inglaterra, países que irão aplicar as receitas já antes impostas aos países ocidentais mais fracos, mas aí o efeito será ainda pior porque a sua população atingiu um nível de bem estar social muito superior ao dos países periféricos e o caos chegará mais depressa e devastador. Quanto a palavras como: constituição, democracia, eleições, referendo, representatividade terão cada vez menor importância. A prepotência e a força bruta voltarão a imperar e as ditaduras regressarão ao "velho mundo", pois os países desenvolvidos do ocidente cairam na armadilha da "globalização selvagem" que interessava às grandes companhias, que pretendiam aproveitar-se dos baixos custos de produção no oriente. O custo da mão de obra é insignificante como factor de produção no valor dos bens produzidos nos países emergentes do oriente em virtude dos baixos salários e da inexistência de quaisquer obrigações sociais. Para atingirem estes fins as grandes companhias serviram-se de políticos ocidentais corruptos que lhes faciliaram a tarefa. A UE, EUA e alguns países do chamado primeiro mundo que aderiram à globalização selvagem perderão a curto prazo a sua importância industrial e económica. Muitos deles acabarão por cair rapidamente no 3.º mundismo e na miséria, com muitos milhões de desempregados, salteadores e indigentes. Os trabalhadores ocidentais assalariados que restarem ficarão, tal qual os chineses, sem quaisquer direitos e não poderão contar senão com a "nova escravatura" e o seu destino será: nascer, trabalhar e depois serem despedidos quando a robustez física começar a faltar, dado que os despedimentos serão cada vez mais fáceis e económicos para as empresas. Então apenas restará aguardar a morte na extrema miséria, sem assistência médica do Estado e sem dinheiro para a pagar. Dada a cada vez maior dificuldade de acesso aos serviços de saúde, qualquer pedido de reforma por incapacidade física será muito difícil de justificar. Assim, até uma reforma resídual e simbólica, para a qual muitos deles terão até descontado, lhes será negada, pelo que só lhes restará aguardar o limite de idade que chegará cada vez mais tarde, na maioria dos casos depois de já terem morrido, porque, irónicamente, a esperança de vida irá ser então menor, em virtude do Serviço Nacional de Saúde se tornar ineficaz e por não terem meios para pagar a medicina privada.
Com uma globalização diferente a China e os restantes países do oriente iriam crescer económicamente de forma mais lenta, sem choques e com mais benefícios para a sua própria população. Desta feita, esses países nem vêm qualquer necessidade de promover um melhor bem estar social à sua população para que as portas comerciais lhes sejam abertas a ocidente. Antes desta globalização ultraliberal, para um país exportar os seus produtos para outro, eram necessárias negociações prévias e o impacto que a eventual importação provocaria no país de destino era tido em conta(na UE, o impacto numa região deveria ser considerada e implicar compensações internas nalguns casos). Contrapartidas eram frequentemente postas sobre a mesa: Caso aceitemos importar o vosso produto, que poderão compra-nos em troca? No final, um acordo era normalmente possível e algum equilíbrio comercial também. Mas com esta desregulação a questão nem se põe: se um par de sapatos custa 1 euro a produzir na China e 25 na UE, então passam a vir de lá todos e pronto, mesmo que isso represente o fim da indústria do calçado e o fim de milhares de empregos num ou em vários países da UE. É claro que isto vai estender-se a toda a indústria e assim estamos a assistir à desindustrialização do ocidente à sua rápida queda.
Há quem aponte os baixos juros concedidos aos países ocidentais como os responsáveis pela crise ocidental, os quais terão levado a excesso de despesas e de endividamento. Não! a explicação é exatamente ao contrário: os mercados de capitais aperceberam-se de que os países do ocidente estavam a desindustrializar-se, fruto da deslocalização das suas indústrias para o oriente, e por isso lhes seria muito difícil pagar os seus créditos. O maior risco fez aumentar os juros a cobrar pelos empréstimos futuros e os países mais débeis estão já a sentir os efeitos; os mais fortes, como os EUA e a Alemanha têm-se aguentado, por enquanto, mas a sua vez chegará também quando a nova superpotencia julgar oportuno, porque nem esses poderão concorrer em mercado livre com a China, um país que nem precisou de abandonar o dogma do "comunismo" para atingir o explendor capitalista e já é a nova superpotência económica mundial. Ainda que apenas uma ínfima parte da sua população tenha real poder de compra, há que lembrar o seu número: 1,3 mil milhões de habitantes, por isso já é também um grande mercado mundial. As indústrias já se mudaram em grande parte para lá, por isso para recuar é tarde e resta-nos agora reparar nas etiquetas das mercadorias "Made in China" ou "Made in RPC" ou "Made in Germany, assembled in RPC" (como aparece numa memória externa para PC que comprei à dias).
Sempre houve civilizações que se desenvolveram, atingiram o seu auge e depois cairam, ultrapassadas por outras, e nós, pelo menos, temos a "felicidade" de estarmos a viver um marco na História Mundial.
A legalização do negócio do sexo traria muito dinheiro que circula na economia marginal. Jornais, revistas, sites de internet não desvalorizam um negócio que é legal em países da UE, sendo o célebre "bairro vermelho" em Amesterdam (Holanda) uma verdadeira atração turística para quem visita a cidade. |
Na altura em que o governo português (e não só) está tão ávido por encontrar forma de reduzir o défice, pagar os juros da dívida, financiar a banca, a saúde, a educação, a segurança social, os ruinosos compromissos com as parcerias público - privadas, julgo ter encontrado uma solução que poderá ajudar a ultrapassar a crise, tal qual “Ovo de Colombo”.
Não sei se já se deram ao trabalho de olhar às páginas da publicidade do jornal diário mais lido no país, que é, sem querer fazer publicidade, “O Correio da Manhã” e reparar que ele há muito tempo que tem vindo a ser financiado em parte por anúncios de prostituição: são páginas e páginas com belas “bundas” que se oferecem; basta ligar e até se deslocam discretamente ao endereço do cliente. Os portugueses já não se sentem incomodados com tais anúncios e a prova está em que aquele continua a ser o jornal mais comprado e lido no país.
Por outro lado, países existem na EU em que o negócio do sexo há muito que deixou de ser tabu, paga impostos, desconta para a segurança social e movimenta milhões de euros: todos ganham, incluindo os próprios Estados. Não digo que seja por isso, mas na realidade esses países até são dos que melhor se têm aguentado com a crise global ocidental.
Termino com a proposta da legalização do negócio que existe e que até é publicitado nos meios de comunicação social. Assim, para o próximo ano o Estado sempre poderia arrecadar mais algum dinheiro e parte do respetivo IRS poderia até ser devolvido no ano seguinte, junto com as despesas das bicas, sandes de chouriço, coca-colas, etc.
A Espanha e os espanhóis começaram agora a sentir mais duramente a crise provocada pela queda económica do ocidente, por via da globalização selvagem que o ocidente abraçou; quem se seguirá? a Itália? e depois? uma a uma as economias da UE estão a ruir tal qual um dominó. As economias mais fracas serão as primeiras a sofrer mas as mais fortes acabarão também por sucumbir; e tudo se passará mais depressa do que muitos esperam.
Quanto ao nós, portugueses, somos um povo velho, triste, dócil, desiludido, fracamente mobilizável (60% dos eleitores nem vota), individualista, apelidado injustamente de pouco dado ao trabalho (ver abaixo *), que não reage às agressões de que já foi e continua a ser vítima; nem o facto da classe política do arco do poder que nos tem governado praticamente desde o 25 de abril se ter mostrado incompetente e que haja fortes “indícios” de corrupção generalizada tem motivado o nosso povo para um verdadeiro protesto. Um povo que sempre desculpa os corruptos com a justificação de que "são todos iguais quando chegam ao poleiro". A corrupção continuada e impune antecipou alguns anos a crise económica. Pelo nosso código civil é muito díficil conseguir qualquer prova válida em Tribunal e quando gente poderosa está envolvida todos os recursos são utilizados para imobilizar o sistema, por isso apenas têm sido condenadas algumas poucas dessas pessoas e apenas por corrupção passiva, as quais nunca chegam a cumprir a pena sentenciada porque os seus recursos vão subindo de instância em instância até à prescrição final; é que a justiça portuguesa é bem lentinha e estes casos demoram dezenas de anos a apreciar e a resolver e entretanto prescrevem e pronto "acabou-se o crime". Aconselho a que vejam vídeo no Youtube com o debate sobre a Corrupção do ex-ministro Medina Carreira e Paulo Morais apresentedo na SIC já há algum tempo. O bom povo português tudo suporta e a crescente criminalidade comum mais violenta que começa a verificar-se em Portugal é geralmente praticada por estrangeiros que por cá circulam e não por nacionais.
Apenas algumas manifestações exporádicas e greves simbólicas inconsequentes para o rumo da política geral do país têm acontecido por cá, organizadas pelos grupos profissionais mais qualificados, mais esclarecidos e com maior poder económico relativamente aos restantes assalariados. Quanto às estatísticas do desemprego em Portugal, elas não são fiáveis porque excluem muitos verdadeiros desempregados e não seria de admirar que fosse o dobro do índice oficial com a agravante da segurança social ser apenas simbólica no apoio ao desemprego. Foi também drásticamente reduzido o apoio à natalidade, infância, educação, saúde (ou na falta dela) e velhice. Tudo nos tem sido retirado a pouco e pouco; Agora vêm os sucessivos aumentos dos bens essênciais, como a eletricidade, a água, o gás, transportes e de todos os impostos e taxas. Quem tiver um património no valor de 20 mil euros já não terá direito a qualquer ajuda do RSI (rendimento mínimo) e terá que vender a "barraca" e ir viver para debaixo da ponte para não morrer à fome...O povo português tudo suporta, talvez pela sua tradição fatalista que o leva ao fado ao som da viola e da guitarra.
O caos social deverá começar na nossa vizinha Espanha e chegar-nos cá depois por contágio devido à sua proximidade. É que os espanhóis não irão suportar os sacrifícios que os portugueses já hoje conformadamente suportam.
(*) Lembro que Portugal tem muitos dos seus cidadãos no estrangeiro e que muitos continuam a tentar a sua sorte fora do país, onde são considerados competentes, honestos e trabalhadores. Não se pode é esperar que um ser humano trabalhe alegremente por um vencimento que nem dá para pagar a renda de casa. Em Portugal os salários são baixos mas não o custo de vida... Finalmente uma boa notícia: O Canadá parece estar disposto a aceitar trabalhadores portugueses para a construção civil. Agora quem quizér e estiver em condições de ser aceite corra logo à Embaixada do Canadá para tentar a sua sorte.
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