É notícia de hoje que António Costa terá dito que "Portugal precisa de ultrapassar défice do desconhecimento".
Lembrei-me de deixar a minha reflexão sobre o assunto que acabo de tomar conhecimento pelos meios de informação (por exemplo): É claro que quando se trata de conhecimento ele nunca é demais, mas não me parece que seja esse o principal problema português, senão vejamos: muitos dos nossos engenheiros, arquitetos, enfermeiros, técnicos de saúde e até médicos, que custaram muito dinheiro a formar aos seus pais e a este pobre país, têm estado a partir por falta de oportunidades neste país. Vão para a Inglaterra, Alemanha, EUA, Arábia Saudita e outros países onde encontram oportunidades que não encontraram por cá.
E os que ficam, incluindo os detentores de cursos técnicos, têm extrema dificuldade em ingressar na carreira profissional para a qual estudaram e se prepararam durante muitos anos. Muitos deles acabam por sujeitar-se a trabalhar para empresas de prestação de serviços que lhes pagam salários que nem chegam sequer para pagar uma renda de casa em Lisboa. É que as empresas de serviços visam um lucro do negócio, que é, aliás, legítimo, e ficam com a maior parte do valor pago pelo serviço, sendo a entidade contratante muitas vezes o próprio Estado que poderia pagar melhor aos seus servidores diretos em vez de pagar a essas Empresas que sobrevivem à sua custa. O Estado deveria ter por isso ao seu serviço todo o pessoal necessário para suprir as necessidades permanentes de trabalho, sendo apenas contratado pessoal direta ou indiretamente para as necessidades extraordinárias que surgem ocasionalmente. E esta lógica não deverá ser aplicada apenas aos técnicos mas a todo o universo de serviços necessários, desde o porteiro, ao jardineiro, funcionário administrativo, enfim todos os que prestam um serviço permanente às diversas componentes de máquina.
Fico curioso porque tudo o que o governo tem feito sem sido em sentido contrário.
Ora vamos rever:
De acordo com as estatísticas oficiais mais recentes, o desemprego voltou a aumentar em Portugal (link), apesar de muita gente estar a atingir a idade da reforma, o pior é que nem sequer os lugares que estão ficando livres são disponibilizados para os mais jovens, onde o desemprego é maior, atingindo já oficialmente cerca dos 35% para este grupo de portugueses. Parece que as entidades patronais estão desejando ver-se livres dos empregados que possuem e por isso não substituem os que vão saindo.
A opinião de que os portugueses deveriam ter mais filhos cai assim por terra:
1.º) Porque os portugueses mais jovens, em idade de ter filhos não podem constituir família porque nem sequer têm acesso a um emprego e quando têm o salário é insuficiente para se tornarem autónomos dos pais; ou acabam por emigrar (link). Já terão emigrado 300 a 400 mil jovens que vão procriar lá fora, como é evidente;
2.º) Porque não se vêem melhores perspetivas para as gerações futuras, só irresponsáveis desejariam ter mais do que 1 ou 2 filhos no máximo e apenas devido ao instinto de procriação. Essas crianças irão apenas engrossar um dia, quando crescerem, o número de emigrantes ou de desempregados.
O governo, ele próprio, cria o desemprego quando: a) aumentou e continua a aumentar a idade das reformas; b) fomenta o aumento do número de horas de trabalho semanal; c) reduz o número de feriados e de dias de férias; d) reduz o número de empregos nas áreas em que é patrão, i.e. na função pública e nas empresas públicas; e nem substitui os funcionários que se vão aposentando. A renovação de uma simples carta de condução chega a demorar 1 ano e mais; e) nas empresas públicas é notório que a redução de trabalhadores pretende tornar as empresas mais atrativas para a sua privatização; f) obriga a que os municípios sigam a mesma lógica; g) não cria leis que obriguem as entidades patronais a admitir os empregados de que necessitam mas obriga a que os trabalhadores a cumpram horas extraordinárias contra a sua vontade, o que é até perigoso e vários casos, como na área dos transportes por exemplo. Obviamente que as horas extraordinárias só deveriam ser permitidas em casos pontuais e não como forma de suprir as necessidades correntes das empresas; h) reduz por lei o preço das horas extraordinárias dos trabalhadores e permite a criação de "bolsa de horas", incentivando também de outro modo o recurso das empresas a esta modalidade, porque o preço aí fica a custo zero. Os funcionários ficam obrigados a gastar os dias em crédito fora das férias que a família deixa de poder programar.
A taxa de desemprego oficial diverge da real e não se aproxima daquela porque o governo utiliza habilidades matemáticas para a reduzir. Por exemplo: quem não comparece nos Centros do Instituto de Emprego e Formação Profissional a atestar a sua condição de desempregado deixa de ser considerado como tal; o acesso aos Centros de Emprego é dificultado por falta de capacidade de resposta, acumulando-se enormes filas de utentes que aguardam a sua vez de serem atendidos levando a que muitos desistam e deixem de contar nas estatísticas. Muitos Centros da Segurança Social também já só atendem com marcação prévia por falta de pessoal; o governo cria cursos para quem quer trabalhar e quem entra neles ou os recusa deixa de ser considerado como desempregado; oferece trabalhos a tempo parcial e, do mesmo modo, quem os aceita ou recusa também sai da estatística de desempregados; os muitos portugueses que emigraram também já não constam nessas estatísticas, como é óbvio.
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