Sexta-feira, 11 de Abril de 2014

Vivemos num país e numa sociedade perversa com inversão de valores

Esta sociedade ocidental e este país em particular está a tornar-se estremamente perverso com a inversão de todos os valores morais. A prova chega-nos diariamente por diversas formas:

 

  1. Se um aluno se comporta mal na sala de aula, a culpa é do professor que o permite, embora não tenha hoje meios para o evitar em casos mais extremos. O professor é frequentemente penalizado na sua avaliação e os restantes alunos são prejudicados na aprendizagem porque o Ministério da Educação manda que a escola seja “inclusiva”, mas não dá soluções para as anomalias e assim estes alunos vão continuando nas aulas a prejudicar tudo e todos;

  2. Se um aluno é menos dotado ou se desinteressa das matérias escolares e não atinge os conhecimentos que seria suposto, o prejudicado é o professor na sua avaliação (mais uma vez), como se as crianças saissem de uma linha de montagem todas iguais, onde isso até nem acontece porque aí aparecem máquinas com defeito e por isso existe o controlo de qualidade que nunca atinge os 100%;

  3. Com o objetivo de proteger espécies em extinção esquece-se frequentemente que elas próprias são predadoras e que vão exterminar muitas outras de que se alimentam, caso se exagere nas regras que se criam para a proteção, o que acontece muitas vezes. Por exemplo no Alentejo com a proteção da cegonha desaparecem os lagartos, as cobras e os pequenos roedores;

  4. Se alguém é assaltado, aponta-se a vítima como o culpado que não protegeu convenientemente os seus bens;

  5. Se alguém é burlado, a culpa continua a ser da vítima que foi demasiado ingénua e se deixou enganar;

  6. Como não é crime o exercício da prostituição, pune-se o cliente, para acabar (?) com o negócio, cuja publicidade pulula por todo o lado, sobretudo nos jornais e em certas revistas que parece sobreviverem já muito à custa daquela publicidade. Nem é preciso falar na internet;

  7. Isenta-se o controlo de natalidade e o aborto do pagamento de taxas moderadoras, mas os cidadãos são obrigados a pagá-las quando são atingidos por doenças que lhes causam sofrimento, os põem em risco de vida ou os levam mesmo à morte;

  8. Sujeitam-se os cidadãos falecidos à apresentação da declaração de IRS através dos herdeiros, mas para além dos rendimentos dos falecidos, que até são conhecidos das finanças, como os herdeiros frequentemente não têm conhecimento das despesas que poderiam ser contabilizadas para abatimento à coleta, as declarações são frequentemente entregues sem esse anexo. E na velhice as despesas em saúde são em geral muito relevantes, embora, últimamente, isso também seja cada vez menos tido em consideração pelas finanças para os abatimentos o que também é revoltante;

  9. Paga-se de IRS uma taxa reduzida para ver qualquer espetáculo, incluindo uma tourada, mas uma taxa máxima nas contas de água, da luz e do gás;

  10. Se os clientes dos bancos são burlados quando depositam aí as suas poupanças, porque lhes vendem produtos de risco, informando que se trata de produtos idênticos aos depósitos a prazo, a culpa é dos clientes que não interpretaram os contratos escritos em linguagem técnica apenas acessível a um jurista;

  11. Se um banco está em risco de ir à falência porque a sua atividade não foi controlada por quem a devia fiscalizar, não se procura punir a gestão do banco e muito menos os responsáveis pela fiscalização. A solução é segurar o banco a todo o custo através dos impostos de todos os contribuintes em vez de fazer atuar o “fundo de garantia bancária” para devolver aos depositantes (as vítimas) a quantia que lhes seria devida e deixar simplesmente cair o banco;

  12. Se em caso de uma fatalidade o cliente de uma companhia de seguros acaba por constatar que o seguro que lhe foi vendido e que pagou durante muitos anos afinal não cobria os prejuízos que pretendia proteger porque consta nas múltiplas exclusões em rodapé e em letra miudinha, a culpa é do cliente que não soube interpretar o contrato com uma dúzia de páginas (ou mais), utilizando termos técnicos específicos cuja interpretação está acessível apenas a juristas;

  13. Se uma empresa dona de uma autoestrada erra grosseiramente e identifica mal um veículo que não pagou a portagem, os pedidos de compensação são aceites automaticamente sem prova inequívoca da identificação do veículo. Têm aparecido casos na TV que monstram erros grosseiros que continuam a avançar para penhora dos bens do proprietário sem que a Empresa reconheça e corriga um erro que até deveria dar direito a pedido de desculpas e a indemnização ao lezado pelos prejuízos e incómodos a que foi sujeito;

  14. Se existe um incêndio numa mata, em vez de se procurar o incendiário, puni-lo e procurar outros responsáveis que possam estar por detrás do crime de fogo posto e que beneficiam com ele. Não! A tendência é culpar e punir o proprietário por falta de limpeza. Nem sequer importa se a propriedade lhe garante o rendimento suficiente para fazer o trabalho. Agora terá passado a ser crime a existência de locais selvagens. Mas muitos desses locais até são do próprio Estado, não foram limpos e também foram pasto das chamas;

  15. Se um indivíduo se faz passar por um cidadão detentor de uma qualificação que na realidade não tem (médico, engenheiro, etc) é punido e pode ir parar à cadeia, mas se for um político em posição de destaque não se passa nada;

  16. Se um qualquer segredo de justiça (ou de Estado) se torna conhecido na comunicação social, em vez de se procurar a fonte que forneceu a informação, procura-se por todos os meios calar os jornalistas levando-os a Tribunal para que sejam punidos por terem divulgado um “segredo”, embora a missão e o dever do jornalista seja precisamente essa: dar a conhecer a informação a que teve acesso e que interessa ao seu jornal e aos leitores (ou outro meio de comunicação);

  17. O motivo do segredo de justiça é frequentemente usado de forma inversa ao qual deveria servir, pois serve frequentemente para defesa do arguido em vez de ser para proteção da investigação policial e da eliminação de provas;

  18. O “sistema de liberdades e garantias” está mal idealizado e acaba por ser usado em Tribunal por quem tem grandes meios económicos para contratar advogados altamente especializados em usar de expedientes para atrasar e imobilizar processos, frequentemente até à prescrição lezando as vítimas e até o próprio Estado em muitos milhões de euros;

  19. Se um cidadão comum se sente injustiçado e pretende apelar para Tribunal, essa possibilidade é-lhe cada vez mais dificultada por crecentes e exageradas custas e também porque os Tribunais vão fechando e os que restam ficam mais longe da sua residência, por vezes, em locais mal servidos por transportes públicos a partir de onde reside.

 

Nem sequer falei na corrupção que vai pelo país e na política, mas fico-me por aqui que a lista já vai longa e apenas serve de exemplo para mostrar como está moribunda esta civilização.

publicado por Zé da Burra o Alentejano às 06:51
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