É uma acusação vergonhosa e ofensiva por mim constatada já há muitos anos. Quem alguma vez proferiu essas palavras deve fazer "mea culpa" e reparar hoje nos milhares de portugueses que estão presentemente a emigrar em busca de trabalho no estrangeiro que por cá não encontram ou é vergonhosamente mal pago, tendo em consideração o elevado custo de vida e o nível de impostos deste país, vítima do assalto da corrupção e da alta finança que transferiu muitos milhões de euros para os "off shores" e também por via da acelerada derrocada provocada pela "globalização selvagem" que está a transferir a nossa capacidade produtiva para outros países em especial para oriente.
Os novos emigrantes não vão em demanda de uma vida fácil, sabem o que os espera e também que se ficarem por cá não poderão levar a bom termo qualquer projeto de vida, nem constituir família, nem ter filhos e, sobretudo, providenciar-lhes um futuro promissor. Assim, estão a sair e pensam voltar apenas de férias, ao contrário da vaga de emigrantes dos anos 70 que sempre fizeram projetos de voltar ao país para passarem a velhice.
Em Portugal já não se pode sonhar e quando não se sonha a vida não tem um objetivo. O sonho é fundamental para a vida: como dizia o nosso poeta António Gedeão no seu poema Pedra Filososal "Eles não sabem, nem sonham, que o sonho comanda a vida que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança".
Consta da primeira página de hoje 31-7-2012 do “Jornal de Notícias” que “eles (os emigrantes) chegam de língua afiada e dizem que Portugal deixou de produzir e habituou-se aos subsídios”.
Se a notícia em título se refere apenas aos governantes portugueses que após o 25 de Abril não souberam ou não foram capazes de defender o tecido produtivo português; que se apossaram de subsídos vindos da UE para o desenvolvimento do país ainda poderei entender! Mas se o título diz respeito à população, é uma afronta, mais a mais quando tantos portugueses continuam a sair à aventura para o estrangeiro, embora se compreenda que nem todos sejam capazes de o fazer. Neste caso é uma acusação grave e ofensiva a todos os portugueses que por cá labutam por meia dúzia de euros à hora, e por vezes até menos. Então haveria que virar o espelho para eles próprios e procurar no seu íntimo o motivo que os levou a emigrar. Não é difícil e lembrar-se-ão por certo que terá sido: ou porque o trabalho era sempre mal remunerado e que não chegava para as despesas; ou porque não era compatível com as suas aptidões, conseguidas ao longo de décadas de estudos que os prepararam para uma profissão que não encontraram por cá.
Muitos dos que ficaram, tiveram, por vezes, que ocultar as suas habilitações e trabalham hoje em "Call Centers", como telefonistas que escutam as reclamações dos clientes relativamente a serviços pretados por empresas a que nem pertencem; ou em hipermercados a "passar barrinhas" e que nos momentos de menor afluxo de clientela vão lavar o chão, arrumar o armazém ou a loja do hiper, sempre com vencimentos de cerca de 500 euros. Depois há também quem não queira trabalhar, tal como em qualquer parte, inclusivé no país onde trabalha: há mendigos e ladrões profissionais. Há países em que a Segurança Social é bem mais generosa que a nossa para quem nunca contribuiu para o bem comum.
Compreendo a revolta dos trabalhadores que se manifestam (em greve) contra a redução do valor do pagamento das horas extraordinárias.
Tendo em consideração até a alta taxa da desemprego a própria lei deveria permitir o recurso das Empresas à utilização do trabalho extraordinário apenas para os casos pontuais e não como prática de gestão corrente das Empresas, como acontece em algunas na área dos transportes.
É claro que quando a própria lei reduz o preço das horas extra, essa lei não está a promover a criação de Emprego mas a exploração dos atuais trabalhadores, que, por vezes, são obrigados a fazê-las contra a sua própria vontade. Assim, seria compreensível que as greves fossem contra as horas extra e que fossem por período indeterminado até à alteração do atual regime que as regula.
Muitos trabalhadores, porque são mal pagos, também desejam fazer horas extraordinárias, pois contam até com esse acréscimo de rendimento no seu salário e nem se lembram que estão a retirar a possibilidade de outros terem trabalho.
Já alguém pensou real e honestamente porque são os trabalhadores portugueses altamente produtivos na Alemanha e pouco no seu próprio país?
Mas existe uma Empresa alemã em Portugal em que os trabalhadores portugueses são também altamente produtivos, a Autoeuropa, que tem critérios de gestão e recompensa dos seus trabalhadores diferente da generalidade das outras empresas neste país
A explicação é bem simples: Na Alemanha (e na Autoeuropa em Portugal) os portugueses sentem-se recompensados pelo seu trabalho e em Portugal sentem-se explorados e o resultado é que trabalham lá com afinco e vontade, o que não acontece por cá. Há um poema que diz "quando o homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança". Em Portugal, os portugueses já não têm direito a sonhar (com um futuro melhor).
Uma das coisas que Bagão Félix diz no seu depoimento, embora com palavras mais técnicas, é que este governo continua a beneficiar quem nunca contribuiu para a segurança social, aproximando o seu rendimento real ao dos trabalhadores que trabalharam e descontaram uma vida inteira com ordenados muito baixos e que por isso têm reformas também muito baixas, pouco acima do ordenado mínimo nacional, mas o suficiente para deixarem de receber inúmeras regalias sociais e descontos, anulando qualquer destinção entre quem descontou e quem nunca descontou para os outros. ASSIM, ESTÁ A AJUDAR A QUE TODOS CHEGUEMOS À CONCLUSÃO DE QUE NÃO VALE A PENA DESCONTAR PARA A SEGURANÇA SOCIAL E QUE TALVEZ NÃO VALHA A PENA TER UMA ATIVIDADE OFICIAL, MÒRMENTE SE O SALÁRIO FOR BAIXO.
Confirma-se aquilo que eu digo já há anos: o trabalhador ocidental terá que se tornar "chinês" por causa da globalização selvagem. Assim, terá que prescindir de quaisquer direitos sociais, apoios na infância, na doença, no ensino, na velhice; trabalhar 12 horas por dia, 7 dias por semana, sem férias (muito menos subsídio para isso), quase sem feriados (aos poucos dias que tiver chamará de férias), e quando o trabalhador não puder aguentar mais abandona simplesmente o trabalho sem qualquer apoio (reforma) e aguarda serenamente que a morte chegue. Podem pesquisar nos blogues pelo meu "nick name" e "globalização selvagem", Só assim poderá o ocidente competir com os países orientais, onde o custo da mão de obra é verdadeiramente desprezável.
Os maus resultados nos exames de português e de matemática já eram de esperar e são a prova de que o atual sistema de ensino está errado: Os Governos mais recentes têm pretendido responsabilizar os professores, penalizando-os pelo insucesso escolar dos alunos, o que é um incentivo velado ao facilitismo à transição nos anos intermédios, cujos resultados se revelam apenas nos exames finais, se não forem demasiado fáceis. Portugal tem trabalhado para as ESTATÍSTICAS e só se tem interessado em aumentar o números de anos de escolaridade dos alunos, o que prejudica a qualidade do ensino. Sempre houve e haverá indivíduos com diferentes capacidades de aprendizagem e até de interesse pela escola, mas todos têm que possuir a escolaridade mínima estabelecida agora em Portugal no 12º ano, dado que para o desempenho de qualquer emprego será essa a habilitação mínima exigida. Assim quem não a tiver não tem acesso a muitos empregos para os quais não é exigida nenhuma qualificação académica especial. Para não excluir uma grande parte dos jovens há várias soluções: ou baixar o nível do ensino de forma a que todos sejam capazes de concluir o 12º ano; ou criar cursos de "segundas oportunidades" muito mais fáceis; ou as duas soluções em conjunto. Qualquer destas soluções é má para os bons alunos.
O que tem interessado é que que conste no estrangeiro que este país tem uma população com X % de indivíduos com o 12º ano. Mais: também convém que uma grande percentagem da população permaneça no sistema de ensino, até porque não há muitos empregos disponíveis e assim as ESTATÍSTICAS do desemprego também são mais favoráveis. Por isso, há jovens que permanecem na escola com limitadas capacidades de apredizagem e até contra a sua vontade: não aprendem e até prejudicam os professores e os colegas. Há muito que estes alunos ficaram para trás e já não conseguem acompanhar os colegas na aprendizagem das matérias que estão a ser ministradas; e a escola também já não lhes interessa. Melhor seria que entrassem de imediato no mercado de trabalho, porque se ficarem assim durante um par de anos terão muita dificuldade em se adaptar ao trabalho, porque perdem hábitos de cumprimento de horários (entrada/saída na escola), de se sujeitarem a uma autoridade superior (o do professor) e de trabalho (quem estuda está realmente a trabalhar). O resultado final será a criação de gerações de gente que sobreviverá, primeiro à custa dos pais e depois à custa da marginalidade e que serão uns inúteis.
Toda a gente sabe que o desemprego real é bem maior que o oficial. Talvez o dobro! Desempregado é todo aquele que sendo maior de idade, não estuda, não é deficiente, não tem meios de rendimento que lhe permita viver sem necessidade de trabalhar o faz à custa de expedientes ou do trabalho dos outros de forma forçada ou deliberada. Porque as reformas antecipadas, mesmo por doença, são hoje praticamente impossíveis de atingir enquanto o trabalhador conseguir "mudar o de trás prá frente", por isso o caricato acontece: trabalham penosamente alguns velhos doentes que não conseguem a reforma enquanto muitos jovens desesperam por trabalho, atrasando o casamento e os projectos de vida. Só falta que se gere a revolta dos jovens contra os velhos que nunca mais morrem para libertar os poucos empregos disponíveis neste mundo em que o aumento do produtividade por via da automatização torna o trabalho humano cada vez mais prescindível. Como não há maior redistribuição da riqueza produzida só poderemos esperar mais pobreza. Notícia recente dizia que no último ano aumentou o número de milionários em Portugal.
. "Seis em cada dez portugu...
. Os portugueses querem ape...
. Portugal deixou de produz...
. Greve contra a redução do...
. Modelo Alemão - O segredo...
. Quanto vale trabalhar e d...
. Governo não descarta hipó...
. Reprovações "Chumbos" nos...
. O desemprego continua a a...
. Corrupção em Portugal