Como se sabe a média dos vencimentos na Função Pública é superior à das Empresas privadas e se isso é um facto incompreensível para algumas pessoas, incluindo as da Troika, Tal não espanta para quem conhece a realidade da função pública portuguesa.
Já há bastantes anos que a função pública portuguesa deixou de admitir pessoal para trabalhos menos qualificados, como por exemplo: porteiros, todos os serviços auxiliares, para a restauração e a limpeza, incluindo a das ruas, a recolha e transporte de lixo, a jardinagem, pessoal para auxiliar os técnicos nas tarefas mais simples e rotineiras são hoje feitas pelos proprios técnicos com prejuízo da sua rentabilidade.
Na função pública, esse trabalhos “menos qualificados” têm ficado sem substitutos à medida que os antigos funcionários se vão reformando. Nalguns casos, têm vindo a ser contratadas empresas privadas (*). Esse pessoal limita-se a cumprir as tarefas contratadas à Empresa a que pertencem e a sua deslocação para auxiliar numa outra tarefa, não se põe ainda que a sua lhe permita alguma folga. Na antiga (e na atual F.P.), quando é preciso existe alguma flexibilidade e por isso hoje até os técnicos são forçados a fazer trabalhos não lhes estariam destinados simplesmente porque não têm ninguém que os ajude. O tempo em que o professor tocava a campaínha para o contínuo lhe trazer mais giz já passou, mas nessa altura esse mesmo contínuo desmpenhava muitas outras tarefas.
Em resumo: a função pública portuguesa é hoje quase exclusivamente formada por técnicos superiores, investigadores, professores, médicos, enfermeiros, polícias, militares (muitos em missão no estrangeiro) e outro pessoal altamente qualificado; pelo contrário, as empresas privadas são formadas em grande parte por pessoal sem grande qualificação, como por exemplo: a indústria do vestuário, do calçado, a agricultura, a pecuária, a pesca, a construção civil, as empresas de serviços temporários, referidas em (*), o comércio em geral são tudo trabalhos executados por empresas privadas que não precisam nem têm ao seu serviço muito pessoal altamente qualificado, por isso os salários são muito baixos e rondam sempre o salário mínimo nacional. Nas Empresas Públicas (que são do Estado mas que têm regime de trabalho do setor privado), a realidade é outra: o perfil dos funcionários é mais qualificado e salários também e têm normalmente regalias sociais superiores às concedidas pela F.P. .
Também há algumas Empresas Privadas muito boas, embora poucas, que concedem aos seus trabalhadores bons salários e boas regalias sociais, Exemplo: Auto-Europa, os novos hospitais privados, para onde estão a "fugir" muitos médicos e enfermeiros da função pública (os que podem porque enfermeiros há muitos desempregados) e onde também não necessitam de se desdobrar a fazer tarefas que podem e devem ser feitas por pessoal menos qualificado, reduzindo-lhes o "stress", aumentando a sua produtividade e até auto-estima.
Há ainda algumas classes que para este efeito não sei se as consideram como "funcionários públicos", são elas: os políticos, o pessoal das Embaixadas e Consulados, os magistrados e os altos cargos militares do exército, marinha e força aérea. Se forem considerados como tal, então o valor final da média dos salários subirá ainda mais.
Afinal querem comparar o quê?
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