Não sei se o Sr. Prof. António Borges se lembra que os custos de produção de uma empresa não são apenas os do trabalho. Para além desses há ainda que considerar os custos: do capital investido, de rendas em imóveis, de matéria prima, de energia elétrica, da compra e manutenção dos veículos, dos combustíveis, portagens, de água, do tratamento de resíduos, do IRC, de derramas muncipais, e, nalguns casos, com os altos salários e especiais regalias das administrações, normalmente figuras influentes do "arco do poder". Muitas outras despesas não estão aqui mencionadas, pois dependem até da natureza do negócio. Suspeita-se até de custos com pagamentos a um tal "homem da mala" que andará por aí a cobrar dinheiro às empresas para lhes facilitar a vida neste mundo cão. Assim, a redução do pagamento do TSU para a segurança social em 5,5% pouco significa no total dos custos a suportar pelas empresas, mas pode significar muito para os já muito penalizados trabalhadores, reduzindo-lhes o poder de compra e, em consequência, reduzindo-lhes ainda mais o consumo, determinando o encerramento de milhares de empresas que laboram para o mercado interno do país (não da UE), arrastando a economia nacional ainda mais para o fundo. Assim, o governo não pode admirar-se se as cobranças de IVA, IRS, IA, (e outras) diminuem apesar de aumentar as taxas aplicadas. O motivo é a redução do número de empresas e de trabalhadores, que são cada vez menos e não será por "fraca natalidade dos portugueses", outra parvoíce que de tempos a tempos se lembram de nos tentar impingir.
No mercado global, os restantes fatores de produção têm muito mais importância do que uma eventual descida da TSU que não impedirá a deslocalização de muitas indústrias para oriente ou a sua falência. As teorias económicas desastrosas deram nisto e estes senhores ainda têm o descaramento de continuar a insistir nestas receitas idiotas. Estes senhores deveriam era ter a humildade de reconhecer o seu erro, se é que não foi consciente. Esta é a experiência de quem está no terreno com a sua empresa e trabalha para o mercado interno, de resto, como a maioria das empresas portuguesas.
É muito fácil de entender, nem precisa ser economista: quando um país se encontra em dificuldades financeiras para pagar os juros que o mercado lhe exige e não consegue sair da crise com juros inferiores, mas com a obrigação de cortes muito drásticos e repentinos das suas despesas, em especial salários, reduz o mercado interno e leva à falência de milhares de empresas que põem no desemprego milhares de trabalhadores, reduzindo impostos cobrados a ambos e aumentando a pressão nas despesas sociais para minimizar o desemprego. As familias das sociedades desenvolvidas são hoje muito diferentes das de há um século atrás, até porque há menos laços familiares e estão também mais dispersas, pelo que o apoio familiar ou de vizinhos é muito reduzido ou nulo. Assim, empurra-se para a emigração, mendicidade ou crime todos os que ficam desprotegidos.
Para não haver rutura social o Estado teria que reduzir as suas despesas desnecessárias, salvaguardando o emprego tanto quanto possível. O aumento inevitável dos impostos, que deveria ser extendido o mais possível a toda a população e não só apenas a uma parte dela; atrasar ou anular algumas obras programadas pelo estado será fundamental; aumentar o combate à alta corrupção, tornando a justiça mais célere e eficaz: um país onde a justiça não funciona não é credível e não promove a iniciativa, exceto a que está protegida políticamente. Tem que haver em simultâneo um relançamento económico em áreas produtivas e que criem riqueza real e de bens que possam ser transacionados, substituindo importações ou viradas à exportação.
A solução que tem sido aplicada a alguns países da UE apenas atrasa a data da sua falência, pois a bancarrota acaba por acontecer de qualquer modo, apenas se prolonga a agonia durante alguns anos, porque no final tudo estará pior que no início. Talvez ainda seja possível evitar males maiores desde que exista real solidariedade dentro da UE. É ESSÊNCIAL A CRIAÇÃO DOS "TÍTULOS DE DÍVIDA EUROPEIA" "EUROBONDS" ANTES QUE SEJA DEMASIADO TARDE!
Diz o Sapo Notícias: "A China mostrou-se disposta a investir no fundo de resgate europeu, afirmaram à AFP fontes diplomáticas horas antes da reunião crucial em Bruxelas sobre a crise da dívida na Zona Euro."
A "globalização selvagem" antecipou a ascenção económica da China, relegando para segundo plano os EUA, a Alemanha, o Japão (ou todos juntos). A China já é sem dúvida a nova SUPERPOTÊNCIA mundial.
Os EUA são ainda uma superpotência militar, mas será apenas uma questão de tempo e não irá demorar muito tempo para que a China também seja militarmente a nova superpotência. Os defensores desta GLOBALIZAÇÃO SELVAGEM são os responsáveis porque anteciparam o que seria inevitável mas que poderia acontecer sem grandes convulções. Esta globalização cerceou também a possibilidade do povo chinês ascender económica e socialmente. A China virá a ser sem dúvida um país muito rico, mas o seu povo poderá em geral continuar a viver na pobreza. Temos exemplos de países muito ricos (por exemplo em petróleo) cujas populações vivem na maior miséria, porque o fruto dessa riqueza não chega ao povo e vai apenas para um pequeno grupo de previlegiados ligados ao poder.
A crise em Portugal e nos restantes países ocidentais socialmente desenvolvidos só termina quando os seus cidadãos se tornarem "chineses", i.e., quando estiverem socialmente nivelados com eles nos seus salários, feriados, descanço semanal, férias anuais pagas, subsídios, apoios na saúde, apoios à infância e demais regalias sociais. Toda esta situação foi provocada pela "GLOBALIZAÇÃO SELVAGEM" em que as multinacionais nos meteram, manobrando políticos e economistas que nos colocaram em concorrência aberta com os países orientais, como a China, onde os trabalhadores nascem sem quaisquer direitos, põem-se rapidamente aptos a trabalhar, trabalham 12 horas por dia, sete dias por semana, sem férias (muito menos pagas), sem apoios na saúde, nem na velhice e por fim, quando não puderem mais trabalhar, morrem simplesmente. Ora aí têm o resultado.
É fácil entender: se um par de sapatos custa a produzir na China um euro, dado que os custos salarias são perfeitamente despresáveis como fator de produção, porque se hão de fazer sapatos no ocidente por vinte e cinco euros? (o exemplo dos sapatos estende-se a tudo). Esta Globalização nem sequer ajuda os desgraçados dos chineses a melhorarem o seu padrão de vida, porque o ocidente não exigiu sequer ao seu país quaisquer condições para vender livremente os seus produtos no ocidente. Ao invès criou uma concorrência desleal que irá matar a economia ocidental.
Depois há ainda outros desmandos na área financeira semelhantes, enfim!
"Conselheiros do governo alemão propõem reestruturação da dívida grega". poderá ser lido em
Alguns dos partidos portugueses, que ficam normalmente fora das opções eleitorais dos portugueses, há muito que advogam esta e outras medidas para ajudar Portugal a sair da crise e, a pouco e pouco, o tempo vai-lhes dando razão...
A necessidade de renegociação dos juros a pagar pela dívida, a criação "obrigações de dívida europeia" e a criação de "agências de rating europeias" são uma resposta óbvia e urgente ao ataque das agências de rating americanas, que são demasiado condescendentes para com a economia dos EUA, mas que têm cometido erros graves de avaliação, como por exemplo: dando alta cotação a bancos americanos que logo de seguida vão à falência; e que são demasiado duras com para com as economias europeias, em especial as dos países mais débeis.
Os países mais fracos da UE foram enganados pela própria UE que lhes fez crer ser este um espaço solidário, que na realidade não é, e por isso se endividaram como juros bastantes baixos. Só que na UE a tal solidariedade não existe e até o próprio Banco Europeu exige juros diferenciados conforme o país que recorre aos seus fundos e quem está em maiores dificuldades tem que suportar taxas juro mais altas, incluindo nos empréstimos do Banco Europeu. A situação tem vindo a piorar sem que haja uma reação da UE e já é incomportável para os países mais visados, por isso, o colapso será inevitável se nada for feito.
As Agências americanas cedo se aperceberam da real falta de solidariedade económica dentro da UE e por isso atacaram já há algum tempo as economias dos países mais fracos, cotando-os com "ratings" cada vez mais baixos, o que leva os investidores a exigir taxas de juro cada vez mais elevadas. Apesar do anunciado risco, muitos milhões têm sido ganhos pelos investidores à custa da ruína dos povos dos países em dificuldades que estão na mira das tais agências (o que nem quer dizer que sejam os mais endividados). As agências criam o problema e ganham, perversamente, com isso, e, se nada for feito, um após outro, muitos países da UE irão sucumbir à lógica egoísta dos membros mais fortes que não ajudam verdadeiramente os que estão a ser alvo do ataque.
Vou repetir um comentário que venho a colocar na internet há já cerca de 4 anos, mesmo antes de ter criado este blogue e que pode ser encontrado facilmente pesquisando por "globalização" e o meu "nickname" .
GLOBALIZAÇÃO SELVAGEM
A Globalização, tal como foi concebida, vai determinar o fim da Europa social que conhecemos.
O ocidente caiu na armadilha da Globalização que os Bancos e as grandes Companhias lhe venderam com promessas que desconheço: Não se trata apenas da crise criada pela especulação bolsista americana e pela não fiscalização das reservas de segurança da generalidade dos bancos e dos fluxos monetários com destino aos paraísos fiscais perdendo-se depois o rasto do dinheiro. Bancos e grandes Companhias visavam a obtenção de maiores lucros.
As companhias pretendiam aproveitar-se dos baixos custos de produção no extremo oriente, em virtude dos baixos salários e da inexistência de obrigações sociais, mas o resultado não será exactamente o esperado porque esses países têm ainda um baixo poder de compra e as produções destinavam-se sobretudo à exportação para o ocidente onde se encontram as populações com maior poder de compra agora em rápido declínio, fruto do descalabro da globalização .
Ao aderirem ao desafio dessa globalização, os países ocidentais e da União Europeia prometeram ao seus cidadãos que as suas economias se tornariam mais robustas e competitivas (não sei bem como) e não exigiram aos países do oriente que prestassem às suas populações mais e melhores condições sociais, como: regras laborais justas, melhores salários, menos horas e menos dias de trabalho, férias anuais pagas, assistência na infância, na saúde e na velhice para poderem aceder livremente aos mercados ocidentais. Não! o ocidente optou simplesmente por abrir as portas à importação desses países sem que essas condições fossem satisfeitas, criando assim uma concorrência desleal e “selvagem” da qual o ocidente nunca poderá ganhar. A única solução será a de nivelar as condições sociais dos trabalhadores ocidentais pelas desses países e que são miseráveis (crianças chegam a ser vendidas pelos próprios pais para servirem de escravos). O ocidente franqueou as suas portas a países que estão em rápido desenvolvimento tecnológico, com custos de mão de obra insignificantes e sem comprometimento com a defesa do ambiente, com tecnologias altamente poluidoras e por isso mais baratas.
É a um nivelamento por baixo das condições sociais dos trabalhadores ocidentais que estamos a assistir neste momento numa tentativa desesperada de resistir a uma guerra perdida. Daí a revolta que se observa nos vários países da UE. Mas será que os trabalhadores ocidentais vão aceitar trabalhar a troco de dois ou três quilos de arroz por dia, sem direito a descanso semanal, férias, reforma na velhice, etc...? Não! O resultado será um lento definhar em direcção ao caos e enquanto umas empresas fecham portas para sempre e outras se deslocarem para a China ou para Índia, onde não serão sufocadas pela concorrência desleal, mas mesmo essas terão que reduzir a sua produção. Entretanto, no ocidente a indigência, a marginalidade e o crime mais ou menos violento irão crescer e atingir níveis inimagináveis, apenas vistos em filmes de ficção ou referidos nos escritos bíblicos do apocalipse. A época áurea Europa e do ocidente será coisa do passado. Espera-nos uma espécie de nova “Idade Média”, onde restarão alguns privilegiados, protegidos por alta segurança, enquanto a maioria se afunda no caos: desaparecerá a chamada classe média e de remediados. Há que recuar mas será que ainda vamos a tempo?
Eis porque iremos andar de PEC em PEC, numa tentativa infrutífera de de equilibrar a balança da concorrência global desenfreada!
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