Eu fui votar ontem, dia 25 de maio de 2014 e nunca tinha visto tão pouca gente a exercer o seu direito, apesar de já não ser demasiado cedo. Olhei de esguelha para a lista e reparei que a esmagadora maioria dos eleitores não tinha votado. Eu próprio constatei assim a enorme abstenção que se confirmou depois nas contagens dos votos (>63%).
De que serviu a alta taxa de abstenção? será que algumas cadeiras no Parlamento Europeu, destinadas aos eleitos portugueses vão ficar vazias? Senão vão, então serão ocupadas por quem? O que mais gostava era que me explicassem qual o interesse de apelar para a abstenção.
Há quem, por variados motivos, defenda a abstenção. Mais uma vez se prova que isso em nada afeta a legitimidade democratíca dos escrutínios: os lugares disponíveis são todos distribuídos pelos resultados das eleições, quer haja uma abstenção de 10 ou de 70%.
Tivémos recentemente, em 25 de maio de 2014, as eleições europeias de 2014 em que os resultados ainda provisórios (porque faltam os resultados do estrangeiro) foram:
PS: 31,45%
AP=(PSD+CDS): 27,70%
CDU=(PCP+Verdes): 12,69%
MPT (Partido da Terra): 7,15%
BE: 4,56%
Outros Partidos que não elegeram representantes + brancos + nulos: 16,45%
A abstenção ultrapassou nestas eleições os 63%, pelo que na cabeça de alguns portugueses menos instruídos políticamente pensariam, talvez, que isso iria retirar legitimidade ao ato eleitorar, o que é uma autentica burrice. Ora aí têm mais uma vez.
Deixo-vos uma questão: de que serviu não votar como protesto pelo que se passa na política nacional? vão ficar alguns lugares por preencher nos assentos portugueses na UE? A desilusão e o descontentamento não justificam a abstenção, pois há sempre um leque de partidos em quem votar que são contra o poder instituído.
Não há necessidade de nomear ninguém, mas, nos últimos tempos temos tido vários Ministros que sentiram a necessidade de serem conhecidos por doutor ou por engenheiro, sem que, na realidade, tivessem direito a qualquer um desses títulos que nada acrescentam aos seus conhecimentos e competências. Mas, em Portugal, muitas pessoas acham importante para o seu estatuto social possuir um desses títulos. Será esse o motivo porque se generalizou o tratamento de "senhor doutor" ou "senhor engenheiro" fulano de tal a qualquer pessoa detentora de um qualquer grau académico. Para o visado é, desde logo, uma honra que vai de encontro ao seu desejo de distinção relativamente ao comum dos mortais e fá-lo sentir-se muito mais confortável no seu ego pessoal, ainda que tenha a consciência de que o título não lhe é devido.
É claro que a maioria dos conhecidos doutores são apenas licenciadas, bacharéis (ou obtiveram misteriosamente um título académico em poucos meses). Mas os que têm um documento oficial conferindo um qualquer grau académico poderiam na realidade juntá-lo ao seu nome. Quanto às engenharias existem cursos que dão direito ao título profissional de "engenheiro" e outros de "engenheiro técnico" e pronto.
O fenómeno é semelhante no Brasil e a tradição vem já do passado, do tempo da colonização do sertão brasileiro, cujos proprietários eram os conhecidos "coronéis". Mas, ainda hoje, os humildes "garçons" (empregados de mesa no Brasil) chamam, por respeito, de "senhor doutor" a qualquer cliente mais distinto que se lhes apresente, mesmo antes de saberem se tem ou não qualquer habilitação académica superior.
Quanto aos licenciados, bacharéis e outros que exigem ser tratados por "doutor" deveríamos acrescentar o apelido "da mula ruça". O antigo filme português, com António Silva e Vasco Santana, "A Canção de Lisboa" chamou-lhes de "doutores da mula ruça".
A necessidade do título parece querer mostar aos restantes mortais que existem duas estirpes de seres humanos: os "doutores" e os "burros". O motivo das praxes académicas parece ter origem na mudança de estatuto do jovem universitário, que em breve vai deixar de ser apenas um BURRO para vir a ser um DOUTOR.
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