Consta da primeira página de hoje 31-7-2012 do “Jornal de Notícias” que “eles (os emigrantes) chegam de língua afiada e dizem que Portugal deixou de produzir e habituou-se aos subsídios”.
Se a notícia em título se refere apenas aos governantes portugueses que após o 25 de Abril não souberam ou não foram capazes de defender o tecido produtivo português; que se apossaram de subsídos vindos da UE para o desenvolvimento do país ainda poderei entender! Mas se o título diz respeito à população, é uma afronta, mais a mais quando tantos portugueses continuam a sair à aventura para o estrangeiro, embora se compreenda que nem todos sejam capazes de o fazer. Neste caso é uma acusação grave e ofensiva a todos os portugueses que por cá labutam por meia dúzia de euros à hora, e por vezes até menos. Então haveria que virar o espelho para eles próprios e procurar no seu íntimo o motivo que os levou a emigrar. Não é difícil e lembrar-se-ão por certo que terá sido: ou porque o trabalho era sempre mal remunerado e que não chegava para as despesas; ou porque não era compatível com as suas aptidões, conseguidas ao longo de décadas de estudos que os prepararam para uma profissão que não encontraram por cá.
Muitos dos que ficaram, tiveram, por vezes, que ocultar as suas habilitações e trabalham hoje em "Call Centers", como telefonistas que escutam as reclamações dos clientes relativamente a serviços pretados por empresas a que nem pertencem; ou em hipermercados a "passar barrinhas" e que nos momentos de menor afluxo de clientela vão lavar o chão, arrumar o armazém ou a loja do hiper, sempre com vencimentos de cerca de 500 euros. Depois há também quem não queira trabalhar, tal como em qualquer parte, inclusivé no país onde trabalha: há mendigos e ladrões profissionais. Há países em que a Segurança Social é bem mais generosa que a nossa para quem nunca contribuiu para o bem comum.
Comentário à notícia que sugere a criação de uma agência para ajudar os portugueses a emigrar.
Por falta de perspetivas de emprego em Portugal, muitos portugueses já emigraram e muitos outros desejam fazê-lo também, com ou sem agência que os ajude a escolher os destinos. Não vejo à priori qualquer inconveniente na existência de uma organização que apoie esse trabalho.
Na realidade a emigração será mesmo a única alternativa para muitos milhares de portugueses agora que a nossa economia definha e não se vislumbra “qualquer luz ao fundo do túnel”. Mas há quem não tenha gostado da declaração de que este país já não pode dar um futuro aos portugueses desempregados ( agora com cada vez menores subsídios de desemprego). O motivo é simples: não temos o hábito de que os políticos com responsabilidades no poder nos falem verdade.
No tempo das nossas colónias em África, muitos nativos negros africanos emigravam para trabalharem nas minas da África do Sul, sendo devido ao Estado português um determinado pagamento por cada trabalhador que saia para essa atividade. Espero que não se pretenda replicar cá agora essa velha prática.
O título deste "post" é a mais recente notícia sobre os portugueses que ainda estão na Líbia por falta de transporte. Desejo-lhes uma boa viagem para todos, portugueses e brasileiros (que são a sua maioria). Espero agora que o problema líbio se resolva depressa e de modo a que todos possam regressar depressa aos seus trabalhos naquele país. A Líbia é um país rico em petróleo e, uma vez ultrapassada esta enorme crise, poderá (e deverá) cumprir com todos os seus compromissos para com Empresas que lá estão instaladas.
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